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De celeste a alvinegro

O médico Neylor Lasmar chegou ao Atlético em 1975,
depois de quase sete anos cuidando dos jogadores do Cruzeiro

Uma troca do Cruzeiro pelo Atlético chamou a atenção da imprensa mineira em fevereiro de 1975, apesar de não envolver nenhum craque dos gramados. Depois de oito anos na Toca da Raposa, o médico Neylor Lasmar aceitou uma proposta do presidente atleticano, Nelson Campos, e mudou de clube. “Dr. Neylor começa vida nova no Atlético, hoje”, anunciou o Estado de Minas do dia 4.

“Adeus, Toca da Raposa. O dr. Neylor Lasmar não imaginou que, de repente, fosse trocar a Toca pela Vila Olímpica, do Atlético. Mas hoje é o dia desta grande mudança em sua vida”, iniciava o texto da reportagem. Seu novo contrato, de três anos de duração, havia sido assinado na noite anterior, na sede social do clube alvinegro.

“A proposta do Atlético foi boa para mim. Sou um profissional da medicina e fiquei feliz por ver que o Atlético reconhece que eu trabalho com seriedade e tenho algum mérito. O que eu prometo, em troca deste contrato, é a extrema dedicação aos jogadores do Atlético”, declarou o médico, que completaria 34 anos no mês seguinte e estava no Cruzeiro desde março de 1968.

A diretoria do Cruzeiro não fez muito esforço para continuar com Neylor Lasmar, e o presidente Felício Brandi foi direto ao explicar o motivo: “A proposta do Atlético é insuperável”. Os dirigentes celestes não criticaram abertamente a atitude do rival, mas deixaram claro que, apesar de toda a capacidade do médico, seria um preço muito alto que o clube teria de pagar para continuar com ele, o que inflacionaria ainda mais o futebol mineiro.

“Logo que surgiu o Atlético com sua proposta, o dr. Neylor nos procurou, contando tudo”, afirmou Brandi. “Desde o início, eu disse a ele que a proposta era fabulosa e que jamais nós teríamos condições de cobri-la ou mesmo igualá-la”. No primeiro ano de contrato, o médico receberia Cr$ 12 mil; no seguinte, Cr$ 15 mil; e depois, Cr$ 17 mil.

DESPEDIDA - Na manhã do dia 4, Neylor Lasmar esteve na Toca da Raposa e, emocionado, despediu-se dos jogadores celestes. Depois, foi para a Vila Olímpica, que não conhecia, e ficou entusiasmado com o local onde seria instalado o novo departamento. “O Atlético será um modelo para os demais times do Brasil. Não quero apressar nada, nem fazer exigências absurdas. Nós iremos equipando o Departamento Médico na medida do possível, mas brevemente estaremos completos”, comentou. Neylor substituiu Haroldo Lopes da Costa, que, reeleito deputado estadual, pedira licença. Abdo Arges também havia se demitido da chefia do Departamento Médico do Atlético.

(Texto de Eugênio Moreira para a sessão “Um Momento na História” do jornal “Estado de Minas” de 09/02/2012)