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Lágrimas alvinegras. Sorriso celeste


Dois dias depois de se despedir chorando do Atlético, onde havia ficado dois anos e meio, Procópio assumiu o Cruzeiro, do qual sairia apenas três meses depois

O Atlético era o lanterna do Grupo L da Segunda Fase do Campeonato Brasileiro de 1981, em meados de março, com dois empates e uma derrota em três jogos. Assim, no dia seguinte ao empate por 1 a 1 com o Uberaba, no dia 15 daquele mês, no Uberabão, o técnico Procópio Cardoso pediu demissão do cargo, que ocupava desde o início de 1979.

“É a melhor solução para o bem do Atlético e o meu também. Futebol são vitórias e resultados. Decidi sair para ajudar o clube. Saindo, resolvo um problema para a diretoria”, anunciou o treinador, às vésperas de completar 42 anos e depois de ser tricampeão mineiro em 1978, 1979 e 1980, além de vice brasileiro de 1980. Na terça-feira, ao se despedir dos jogadores na Vila Olímpica, ele foi às lágrimas.

“Chorando, Procópio deixou o Atlético”, foi a manchete de Esportes do Estado de Minas de 18 de março. O técnico desmentiu qualquer acerto com outro clube, como Corinthians e Cruzeiro, conforme se especulava na época. E ainda brincou: “Volto, sim (ao Cruzeiro). Sábado à tarde estarei firme no Barro Preto para ocupar novamente a minha posição de centroavante do Raposão”. Referia-se ao time de veteranos do clube celeste. Para substituí-lo, o Galo contratou Pepe, depois de o preparador físico Antônio Lacerda dirigir a equipe interinamente em alguns jogos.

NA TOCA - Mas, no dia 20, a manchete do EM foi: “Volta de Procópio motiva o Cruzeiro”. O treinador havia acertado com a diretoria cruzeirense. Na manhã da quinta-feira, Cláudio Garcia havia sido dispensado. À tarde, com a chegada do substituto, um velho conhecido de muitos, o ambiente era outro na Toca da Raposa. “Não tenho culpa se, depois de 20 horas desempregado, estou novamente trabalhando”, declarou o técnico, que havia dirigido o time em alguns jogos em novembro de 1978, substituindo Zé Duarte, que sofrera acidente automobilístico.

A rápida troca entre os clubes rivais foi explicada por Procópio: “A culpa de tudo é a estrutura do futebol brasileiro. Saí do Atlético, um time que ainda é forte para quatro ou cinco anos, que eu ajudei a montar com muito trabalho e amor. Saí de lá porque era o momento e vim para o Cruzeiro porque acharam que eu poderia ajudar aqui”. Mas ele ficaria no clube somente até julho, quando aceitou convite para trabalhar no futebol do Catar.

(Texto de Eugênio Moreira para a sessão “Um Momento na História” do jornal “Estado de Minas” de 20/03/2014)