Campeão (D) chegou como massagista e enfermeiro e dirigiu o Atlético em nove jogos
Uma série de três amistosos do Atlético em São Paulo, em abril de 1950, provocou a mudança de treinador da equipe. Depois de três derrotas em gramados paulistas, o técnico Campeão não resistiu e entregou o cargo, sendo substituído pelo uruguaio Ricardo Diez. Já no primeiro amistoso, o resultado foi desastroso: 9 a 1 para o Corinthians, no dia 16, no Parque São Jorge. Depois, o Galo perdeu para o Palmeiras (1 a 0), no Parque Antártica, no dia 21; e para o Guarani (2 a 0), em Campinas, dois dias depois.
“Renunciou
Campeão e Diez será contratado”, anunciou o Estado de Minas de 25
de abril. “Encerrou finalmente o Atlético a sua 'via-crúcis'
pelos gramados bandeirantes, trazendo como lembrança 12 gols
sofridos e apenas um a seu favor”, destacava o jornal.
Campeão
entregou o cargo pelo microfone da Rádio Guarani, emissora dos
Diários Associados. “Declarou o dedicado atleticano que sempre
fora contra esta excursão e os seus efeitos danosos faziam-se
sentir”, publicou o EM. O treinador retornou a Belo Horizonte,
enquanto a equipe seguiu para Poços de Caldas, onde o uruguaio
Ricardo Diez comandou o Galo na primeira das 171 vezes que atingiria
no total, em três passagens pelo clube. O Atlético venceu a
Caldense por 4 a 3.
No
dia seguinte, o jornal ainda repercutia a saída do treinador.
“Ninguém nega a Campeão a dedicação que ele sempre dispensou ao
Atlético e nem os conhecimentos técnicos que ele demonstrou possuir
durante os períodos em que esteve à frente do esquadrão carijó”,
publicou o EM. “E talvez tenha sido por um excesso de amor às
cores alvinegras que o ex-preparador atleticano tenha sentido
demasiado as derrotas que seu clube sofreu na temporada realizada em
S. Paulo.”
MASSAGISTA -
Urbano Bonifácio dos Santos, o Campeão, mineiro de Mar de Espanha,
veio para o Atlético do Flamengo, inicialmente como massagista e
enfermeiro, com fama de macumbeiro, como era comum na época.
Ocasionalmente, assumia as funções de treinador, como de julho de
1948 a janeiro de 1949 – foi ele que dirigiu o time na final do
Mineiro de 1948, perdida para o América, com atuação polêmica do
árbitro inglês Mr. Barrick. Em março de 1950, substituiu Airton
Moreira e, até a desastrosa excursão, dirigiu o alvinegro em nove
jogos, com quatro vitórias, um empate e quatro derrotas.
O
Estado de Minas questionava que Campeão não houvesse se manifestado
contra a excursão antes dos resultados negativos. O excesso de
partidas também foi levantado como possível justificativa. O jornal
ainda reconheceu que o interesse financeiro pesou na decisão de
jogar em São Paulo: “Como o clube poderia abrir mão de 110 mil
cruzeiros em uma quadra como esta em que estava atrasado no pagamento
aos jogadores?”.
(Texto de Eugênio Moreira para a sessão “Um Momento na História” do jornal “Estado de Minas” de 24/04/2014)
(Texto de Eugênio Moreira para a sessão “Um Momento na História” do jornal “Estado de Minas” de 24/04/2014)